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Acusações, espionagem e jogo de tênis: os velhos problemas do Credit Suisse

As dúvidas sobre a saúde financeira do sistema bancário cruzaram o Atlântico e a desconfiança se instala, agora, na Europa. Nesta quarta-feira (15), os problemas do Credit Suisse abalam os mercados globais. Os preços caíram, mas definitivamente não dá para dizer que a crise do segundo maior banco suíço seja uma novidade.

A história recente do Credit Suisse está repleta de problemas: acusações de fraude, suspeitas de lavagem de dinheiro e até espionagem e jogo de tênis em plena quarentena da Covid-19.

As 48 páginas do balanço anual de 2022 do CS, como é conhecido no mercado, descortinaram a realidade de que há problemas profundos na gestão do banco. Ao analisar controles internos, a direção reconhece que a instituição financeira não tem processos internos eficazes, e não há controle eficiente para identificar e analisar riscos nas demonstrações financeiras.

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“Essa fraqueza substancial poderia resultados em distorções nos valores ou nas divulgações que podem resultar em uma distorção substancial nas demonstrações financeiras que, potencialmente, não seriam evitadas ou detectadas”, cita o documento.

Enquanto os investidores ainda liam o balanço anual do banco, o maior acionista do Credit Suisse informou na manhã desta quarta-feira que não pode estender a mão para ajudar a instituição financeira. “A resposta é absolutamente não. Por muitas razões, e a mais simples que é regulatória e estatutária”, disse o presidente do Saudi National Bank, Ammar Al Khudairy, em entrevista à Bloomberg TV.

A restrição regulatória e estatutária impõe dificuldade para aumentar a posição para além de 10% das ações da instituição suíça. Atualmente, o banco saudita tem 9,88% do capital do CS.

Questão de tempo

A crise do segundo maior banco suíço era tida como “uma questão de tempo” por muitos analistas do setor financeiro. Isso porque a instituição sofreu uma série de problemas ao longo dos últimos anos, inclusive anos de prejuízos bilionários – como em 2021 e 2022.

As perdas foram resultado de uma série de problemas. Na gestão, o CS realizou investimentos que se mostraram totalmente equivocados, como nos investimentos nas gestoras Archegos e Greensill. Só nesses dois casos os prejuízos superaram vários bilhões de dólares.

Mas não foi só isso. O Credit Suisse enfrentou suspeitas de que foi palco de operações que lavaram dinheiro de esquemas ilícitos, como do tráfico de drogas na Bulgária ou a corrupção no financiamento de pesca de atum em Moçambique. Houve, ainda, acusação de fraudes e relacionamento comercial com clientes que deveriam ser banidos por sanções internacionais.

Espionagem e partida de tênis

Nem mesmo os executivos do banco se livraram de polêmicas. O português Antonio Horta-Osorio renunciou após admitir que quebrou as regras de quarentena na Suíça e no Reino Unido. Em Londres, ele descumpriu a quarentena exigida de quem chegava ao país para ir a um jogo de tênis em Wimbledon.

Antes de Horta-Osorio, o banco foi comandado por Tidjane Thiam, que também renunciou. O ex-presidente do Credit Suisse foi acusado de espionar dois ex-executivos da casa, um deles foi contratado pelo arquirrival UBS.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Acusações, espionagem e jogo de tênis: os velhos problemas do Credit Suisse no site CNN Brasil.

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