São Paulo 
(11) 5178-3044
Belo Horizonte 
(31) 2180-2700
Brasilia 
(61) 2017-4737
Rio de Janeiro 
 (21) 2038-2208

Islândia: Uma Viagem Pela Terra do Fogo e do Gelo

Viajar pela Islândia é uma experiência que transcende a ideia de turismo e se transforma em imersão dentro da própria natureza em sua forma mais bruta, poética e surpreendente. Este país insular, situado entre a América e a Europa, fascina não apenas por suas paisagens de contraste — vulcões em atividade, geleiras imensas, cachoeiras monumentais e praias de areia negra — mas também pela maneira como o ser humano aprendeu a conviver harmonicamente com forças naturais tão grandiosas. Ao longo de uma jornada que combina diferentes regiões, cada trecho da Islândia revela um rosto único, onde passado geológico, mitologias nórdicas e cultura contemporânea se entrelaçam.

Keflavik: Porta de Entrada para o Inusitado

Keflavik é o primeiro sopro islandês para aqueles que chegam do exterior. Mais do que apenas um aeroporto, a região representa o início de uma aventura marcada por praticidade e calma. Hospedar-se a poucos metros do terminal é a forma mais racional e confortável de chegar ao país, permitindo que o visitante aterrisse sem pressa e sem complicações. Ao mesmo tempo, Keflavik transmite um clima de isolamento lírico: vindos de grandes centros urbanos mundiais, os viajantes se deparam com um cenário que parece outro planeta, delineado por campos de lava escura e horizontes que se estendem sem limites.

Costa Sul e Vik: Entre Águas Termais e Cascatas

Ao deixar Keflavik, o primeiro grande ícone da Islândia surge: a Lagoa Azul, conhecida mundialmente por suas águas leitosas azul-turquesa. Ali, o mergulho não é apenas físico, mas também quase espiritual. Rica em sílica e minerais, a lagoa simboliza o casamento perfeito entre as águas geotérmicas profundas e a busca humana por bem-estar.

Prosseguindo, a costa sul islandesa escancara uma sequência de encantos. O olhar percorre fazendas tradicionais, construções solitárias e os belíssimos cavalos islandeses, de postura elegante e temperamento dócil, preservados como patrimônio genético há séculos. Entre tantos cenários, a cascata Seljalandsfoss se impõe. Sua particularidade não está apenas na queda d’água em si, mas na possibilidade de caminhar por trás dela, permitindo enxergar a Islândia literalmente através do véu da água em movimento. O dia se encerra em Vik, um vilarejo que parece tirado de uma pintura expressionista, com praias de areia negra e formações rochosas imponentes que emergem do Atlântico.

Skaftafell, Jokulsarlon e Hofn: Glaciares e Diamantes de Gelo

Seguindo a viagem, a estrada percorre Eldhraun, o maior campo de lava do mundo, testemunho de erupções cataclísmicas que transformaram radicalmente a geografia da ilha. Ao atravessar Skeiðarársandur, um vasto deserto de areia vulcânica, fica clara a impressionante força dos elementos. Próximo dali, o Parque Nacional Vatnajökull abriga Skaftafell, uma verdadeira joia natural inserida sob o domínio do maior glaciar europeu.

O ápice da experiência surge em Jökulsárlón. A lagoa glaciar povoa o imaginário com icebergs flutuando silenciosos, em tons que variam do azul intenso ao branco leitoso. O passeio de barco anfíbio permite aproximação dessa beleza quase sobrenatural, e ao lado, a Diamond Beach completa o espetáculo. Ali, pedaços de gelo, lapidados pela água e pelo tempo, repousam sobre a areia negra, cintilando como joias espalhadas pelo oceano. A noite em Höfn, uma pacata cidade pesqueira, marca a transição da Islândia sul para as terras orientais.

Fiordes do Leste e a Força do Interior

Höfn inaugura uma travessia pelos fiordes orientais, regiões ainda pouco exploradas pelo grande turismo e que conservam um isolamento quase poético. As curvas da estrada serpenteiam entre montanhas íngremes e pequenos vilarejos costeiros, onde poucos habitantes convivem com tradições ligadas à pesca e ao pastoreio. O caminho segue pela montanha Oxi, oferecendo panoramas de altitude que parecem arrancados de um sonho.

A natureza retorna ao protagonismo com a visita a Dettifoss, uma das quedas d’água mais potentes da Europa. O rugido de suas águas ressoa pelo cânion, impondo respeito e reverência. Já a região de Mývatn revela outra Islândia: lagos serenos, crateras vulcânicas e atividade geotérmica efervescente transformam a paisagem em um laboratório vivo da Terra em constante transformação.

Mývatn, Goðafoss e Akureyri: Entre Deuses e Lavas

Explorar Mývatn é mergulhar em um mundo vulcânico, onde Dimmuborgir ergue formações de lava em contornos que lembram muralhas medievais ou criaturas petrificadas. Nas áreas de Hverarönd, fumarolas emitem vapores do subsolo, enquanto lamas borbulhantes lembram que o magma não está distante. Como contraponto à força bruta dos elementos, a cascata Goðafoss surge como “Cascata dos Deuses”, associada à conversão da Islândia ao cristianismo, quando, segundo a tradição, estátuas pagãs teriam sido lançadas em suas águas.

Já em Akureyri, o visitante encontra a expressão urbana do norte islandês. Rica em cultura, repleta de cafés charmosos e rodeada por montanhas, a cidade mostra que a Islândia também sabe ser acolhedora e cosmopolita, sem perder a sintonia com a natureza. Uma ida ao spa geotermal no bosque de Vaðlaskógur combina a contemplação do verde com o descanso em águas quentes, um luxo simples e profundamente islandês.

Borgarfjörður e Reiquiavique: Natureza e Modernidade

No percurso rumo à capital, Borgarfjörður surpreende com a cascata Hraunfossar, onde filetes de água brotam entre blocos de lava, criando um cenário silencioso e etéreo. Próxima dali, a fonte termal de Deildartunguhver impressiona pelo vigor com que jorra água fervente, abastecendo estufas e aquecendo cidades inteiras, prova viva de como a Islândia transformou seu caráter geotérmico em energia sustentável.

Ao chegar em Reiquiavique, nota-se a delicada combinação de metrópole moderna e cidade pequena. Colorida e vibrante, a capital oferece museus, restaurantes inovadores e música pulsante, em contraste com a vastidão natural que rodeia sua baía.

O Círculo Dourado: Síntese da Islândia

Nenhuma viagem ao país estaria completa sem o Círculo Dourado, a rota que reúne de forma simbólica as forças que definem a Islândia. Em Gullfoss, a “Cascata do Ouro”, a água cai com intensidade brutal, formando cortinas de espuma. Em Haukadalur, o geysir Strokkur explode em intervalos regulares, projetando colunas de água fervente em direção ao céu. Para concluir, Thingvellir se impõe não só pela beleza geológica, onde as placas tectônicas se encontram, mas também pela relevância histórica como berço de um dos parlamentos mais antigos do mundo.

Thingvellir é, de certo modo, uma metáfora da Islândia: uma terra em movimento constante, marcada por encontros — de continentes, de culturas, de naturezas e de eras.

Despedida: O Início de um Retorno

De volta a Keflavik e pronta para um novo voo, a viagem encerra-se, mas a Islândia permanece no imaginário. Poucos países conseguem reunir tamanha diversidade de paisagens em tão pouco espaço, e em cada curva da estrada islandesa encontra-se um lembrete de que o planeta é vivo, pulsante e maior do que qualquer rotina cotidiana pode sugerir.

Visitar a Islândia não é apenas viajar; é testemunhar a Terra em sua expressão mais autêntica e monumental.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

plugins premium WordPress