Pense em lagos, cidadezinhas charmosas, queijos e chocolates. Agora imagine também uma sensação de acolhimento e bem-estar, em que somos muito bem-vindos pelo povo e pelas atrações históricas e modernas. A boa notícia é que este cenário não existe apenas em nossa imaginação: na vida real, a Suíça se enquadra em todas as descrições acima.
Último dos destinos da quinta temporada do CNN Viagem & Gastronomia, a Suíça é daqueles lugares que nos oferece uma gama fantástica de experiências e de novas descobertas – seja por grandes cidades ou ainda nas menos conhecidas pelos turistas.
Uma vez aqui entendemos o real conceito da Suíça não apenas como um país, mas sim como uma cultura. A sustentabilidade, a educação e a precisão resultam em um turismo impecável.
E tudo isso pode ser sentido em Zurique, maior cidade da Suíça, com mais de 428 mil habitantes, e uma das principais portas de entrada para o país europeu – não, ela não é a capital do país: quem detém este posto é Berna, cidade medieval bem preservada a pouco mais de uma hora daqui.
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Zurique à primeira vista
Com voos diretos entre São Paulo e Zurique, com duração de pouco mais de 11 horas, confesso que a cidade suíça era apenas uma passagem para nossas gravações no interior do país, já que ela é ponto de partida para os Alpes Suíços e outras tantas cidades envolventes.
Mas foi o oposto: ela foi uma surpresa e me conquistou à primeira vista, ou melhor, às primeiras vistas, uma vez que a cidade ao norte do Lago Zurique e junto ao rio Limmat apresenta paisagens lindas, um mix entre o passado e o presente de forma harmoniosa e boa gastronomia.
Zurique é a maior cidade da Suíça e uma das melhores do mundo para se viver / CNN Viagem & Gastronomia
Cosmopolita e histórica, ela está entre as melhores cidades do mundo para se viver: ela ficou em terceiro lugar – atrás de apenas de Viena e Copenhague – no Global Liveability Index de 2022, ranking que leva em conta assistência médica, taxas de criminalidade, estabilidade política, infraestrutura e acesso a espaços verdes.
Apesar disso, ela também aparece entre as cidades mais caras do mundo: apareceu em sétimo lugar no ranking do ano passado divulgado pela empresa de mobilidade global ECA International.
Vale salientar que Zurique, assim como o resto do país, tem como moeda oficial o franco suíço – muitos estabelecimentos aceitam euros, mas o troco será em francos suíços. O alemão é o idioma principal para mais de 60% da população e, na verdade, trata-se de uma mistura de dialetos germânicos que são englobados ao termo “suíço alemão”.
Interessante é que além da suíça alemã, as outras regiões linguísticas são do país compreendem o francês, o italiano e a língua romanche.
A cidade é servida pelo Aeroporto Internacional de Zurique, que recebe voos das principais cidades de todo o mundo e fica a apenas 11 minutos de trem do centro da cidade. Nós brasileiros não precisamos de visto para entrar no país em estadias de até 90 dias.
E o bacana é que a partir de Zurique conseguimos percorrer o país inteiro de trem. A malha ferroviária da Suíça é ótima e cobre cerca de 5.100 km de trilhos – é uma das mais densas malhas ferroviárias da Europa.
Um giro por Zurique
Podemos dividir Zurique em duas grandes partes: o centro antigo, com construções do século 15 e até de séculos anteriores, e Zürich West, antiga zona industrial que hoje tem uma sobrevida recheada por bares, restaurantes, locais de arte e escritórios.
Sabe aqueles lugares em que reconhecemos um país inteiro apenas pela paisagem? Em Zurique também é assim: pelas beiras do Lago Zurique conseguimos conhecer um pouco mais da Suíça e reconhecer seus lindos cenários preenchidos por uma arquitetura típica.
E uma das melhores maneiras de ter uma perspectiva adorável da cidade é justamente em passeios de barco pelo lago, que possui cerca de 40 km de comprimento e 3 km de largura na parte mais larga. Empresas oferecem diferentes tipos de passeios pelas águas em todas as estações e em todas as partes do lago em barcos a vapor ou a motor.
E uma das experiências mais bacanas é justamente das mais saborosas possíveis: fiz um tour pelo lago com direito a fondue a bordo, prato típico do país, em que o harmonizamos junto de vinho branco da Suíça, uma das minhas mais felizes descobertas por aqui.
Por falar em água, o rio Limmat também oferece diversão: algumas de suas beiradas tem estrutura parecida com uma praia urbana, onde as pessoas podem nadar em áreas demarcadas – a tarefa é melhor aproveitada durante o verão.
Um gostinho do centro histórico
O centro de Zurique é um dos locais mais encantadores dos arredores, já que é composta por vielas estreitas, edifícios medievais e do período renascentista e igrejas super antigas.
O ideal é percorrer aqui a pé e contemplar cada canto. Ponto de referência da cidade, as torres duplas do mosteiro de Grossmünster são uma obra-prima. O local é uma igreja evangélica de estilo românico que foi construída por volta do ano 1100.
A partir do altar da igreja são cerca de 187 degraus que conduzem à plataforma de observação da torre, em que temos vistas privilegiadas para os telhados da parte antiga da cidade.
Ruas do centro histórico de Zurique são para lá de charmosas / CNN Viagem & Gastronomia
Outro ponto superimportante é a Igreja de St. Peter (Peterskirche), que está aqui desde o século 9 e tem o maior relógio da Europa: são 8,4 metros de diâmetro e o ponteiro maior tem cerca de 5,5 metros.
Outras das igrejas imponentes em Zurique é a Fraumünster, construída no meio do século 9 no lado oposto do rio em relação à Grossmünster. O que chama atenção aqui são seus vitrais e o órgão, o maior do cantão de Zurique.
Não menos importante, a região da praça Lindenhof guarda bastante história. A área abrigou um forte romano e ainda guarda viela medievais, em que as vistas da colina para a cidade antiga e o rio Limmat são lindas. Aqui, uma lápide com o nome em latim da cidade lembra que ela passou pelos romanos – a lápide é uma cópia, a original está no Museu Nacional da Suíça.
Zürich West
Ao chegarmos pela região de Zürich West já nos deparamos com o semblante de várias fábricas abandonadas e uma cara industrial. De fato, a área serviu no passado a este propósito, mas hoje pulsa com restaurantes, bares e uma vida cultural.
Uma das paradinhas para sentirmos a energia da área é o Markthalle Im Viadukt, quem em tradução livre significa mercado no viaduto. E o nome já diz tudo: é uma espécie de mercado gastronômico aos pés de um viaduto.
Vale entrar e se encantar com suas comidinhas, em que vamos provando queijos ao longo do caminho, experimentando cervejas artesanais e ainda nos deparando com restaurantes e bares moderninhos nos arcos, com trilhos de trens em cima. Segundo a administração, o local foi planejado como um ponto de encontro para os cidadãos do distrito e seus visitantes.
Outro ponto bacana de se visitar por aqui é o Frau Gerolds Garten, uma espécie de jardim urbano com bares, sorveterias e lojinhas com vista para os trilhos dos trens. É daqueles locais bacanas e descolados que dão um tom especial à cidade.
O local foi aberto em 2012 aos pés da Prime Tower, um grande edifício da cidade, e logo atrás da torre Freitag, uma das lojas mais surpreendentes do mundo, já que é composta de um edifício de 19 contêineres empilhados.
Interessante é que a Frau Gerolds Garten foi transformada em um jardim urbano modular e muda de cara de acordo com a estação: no verão podemos ver bares, solário e jardim; no inverno há oferta de uma variedade de queijos e confraternizações ao redor de fogueiras.
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Museu da Lindt: o fantástico mundo do chocolate
Não podemos falar da Suíça sem citar seus chocolates famosos mundo afora. E uma das grandes responsáveis por fixar essa imagem no mundo é a Lindt. Que atire a primeira pedra quem nunca comeu um de seus bombons!
E é nos arredores de Zurique, na região de Kilchberg, que a marca inaugurou em 2020 um verdadeiro mundo do chocolate que abrange o que é considerado o maior museu do chocolate do mundo com direito ainda a degustações, exposições interativas, a maior loja da marca do mundo, a primeira cafeteria Lindt e área para cursos.
Situado bem ao lado da fábrica da empresa de 1899, a moderna construção nos recebe com os dizeres “lar do chocolate”. As boas-vindas no edifício moderno de três andares é feita por uma enorme fonte de chocolate com a forma final de uma trufa da marca – são cerca de 1,2 tonelada de chocolate que circula pela fonte e 9 metros de altura.
O tour pelo museu é composto pela história do chocolate na Suíça, que acompanha a história da marca e também de outras empresas do país. A exposição tem cerca de 1.500 metros quadrados e abrange temas como o cultivo do cacau, a história do chocolate, os pioneiros do chocolate suíço e a produção do doce.
O museu é também uma forma de posicionar a Suíça como o país do chocolate, assim como fortalecer a expertise do país em sua fabricação e promover treinamento para a indústria.
O bacana é que tudo é também bastante sensorial: há uma máquina em que podemos comer os chocolates da marca e outra parte em que devemos descobrir os ingredientes de chocolates específicos – uma missão deliciosa.
Há também uma área de pesquisa em que temos uma visão aberta para a linha de produção dos chocolates.
De acordo com a empresa, mais de 350 mil pessoas são esperadas para visitar o local anualmente. Os ingressos partem em média de 10 francos suíços (cerca de R$ 55) para crianças entre 8 e 15 anos, já maiores de 16 pagam cerca de 15 francos (R$ 83).
No final do tour, na lojinha, barras de chocolate podem ser personalizadas com o nome que desejar – é uma boa lembrança da Suíça para filhos, sobrinhos ou a pessoa amada.
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