O presidente francês, Emmanuel Macron, enfrentará votos de desconfiança nesta segunda-feira (20), depois que sua decisão de forçar reformas impopulares da previdência gerou protestos em todo o país e críticas de legisladores.
O governo de Macron provavelmente sobreviverá às moções, e ele permanecerá presidente independentemente do resultado, embora a fúria contra as reformas não dê sinais de acabar.
O governo francês desencadeou poderes constitucionais especiais na quinta-feira (16) para aprovar a controversa legislação para aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos para a maioria dos trabalhadores.
Na sexta-feira (17), os legisladores franceses apresentaram duas moções de desconfiança contra a primeira-ministra – uma de um grupo de pequenos partidos e outra do National Rally, um partido de extrema direita.
Para ter sucesso, a maioria dos legisladores em exercício – 287 deles – precisaria votar a favor.
Leia mais
Entenda a manobra utilizada pelo governo de Macron para aprovação de reforma da previdência
Pressão aumenta sobre Macron após protestos contra reforma previdenciária
França tem mais um dia de protestos contra planos de reforma da previdência de Macron
Se bem-sucedida, a primeira-ministra francesa Elisabeth Borne teria que renunciar e a legislação de reforma previdenciária seria rejeitada. Isso deixaria o presidente francês Emmanuel Macron com a opção de substituir a primeira-ministra ou dissolver o parlamento.
Acredita-se que o movimento para derrubar o governo de Macron dificilmente terá sucesso, já que as reformas previdenciárias também têm o apoio do Partido Republicano, tornando mais difícil para os demais partidos da oposição obter a maioria absoluta necessária.
“Não haverá maioria para esses votos de desconfiança. Responsavelmente, não queremos adicionar caos ao caos e deixar nosso país afundar na desordem”, tuitou o líder do grupo republicano Eric Ciotti.
O ministro das Finanças, Bruno Le Maire, também minimizou as sugestões de que a votação poderia ser bem-sucedida.
“Não haverá maioria para derrubar o governo, mas será um momento de verdade”, disse Le Maire ao jornal local Le Parisien.
“Entendo os medos e ansiedades de nossos compatriotas, mas definitivamente não vamos melhorar as coisas negando a realidade econômica”, acrescentou.
Com uma das idades de aposentadoria mais baixas do mundo industrializado, a França também gasta mais do que a maioria dos outros países em pensões em quase 14% da produção econômica, de acordo com a Organização para a Cooperação Econômica.
O governo argumenta que o sistema atual – contando com a população trabalhadora para pagar por uma faixa etária crescente de aposentados – não é mais adequado para o propósito.
No entanto, os protestos visavam não apenas a reforma previdenciária, mas o poder constitucional usado para forçá-la.
Incapaz de obter o apoio da maioria para o projeto de lei no parlamento, Macron recorreu ao uso do Artigo 49.3, que permitia a seu governo aprovar o projeto de lei na Assembleia Nacional sem votação.
A medida foi amplamente condenada por manifestantes e legisladores como antidemocrática.
“Estamos diante de um presidente que faz uso de um golpe de estado permanente”, disse Olivier Faure, líder do Partido Socialista Francês, à mídia local na quinta-feira.
No total, 169 pessoas foram detidas durante os protestos em toda a França no sábado (18), de acordo com o Ministério do Interior.
Os sindicatos convocaram greves e protestos em todo o país para a próxima quinta-feira (23), na esperança de paralisar o país.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Macron enfrenta votos de desconfiança sobre reformas previdenciárias odiadas no site CNN Brasil.
Europa – Notícias e tudo sobre | CNN Brasil